Whatever.

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Goiânia
"Advinha-me, esquenta-me com sua advinhação de mim" C.L.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Inventando

Eu sou a GRANDE SABOTADORA. Sabotadora da minha própria felicidade. Sei o que quero, busco, busco enquanto pulsa forte o coração, mas qd grita a razão, fujo, fujo para tão longe que me perco dentro de pensamentos esquecidos, coisas arquivadas e perdidas pelos caminhos que tentaram levar e lavar minha alma. Caminhos estreitos, de dificuldade certa, mas de felicidade futura. E quem fala mais alto? Grita imponente meu coração.
Meu coração quer tudo de uma única vez, almeja a felicidade agora, e por muitos agoras, de quase tudo ele é capaz. Ele quer paz, mas oras! Há razão dentro de mim!!!!!!!
Então sou feliz se posso sonhar, mais sonho do que vivo, ou melhor, como prefiro dizer, vivo no mundo que escolhi, existe o mundo real e o imaginário, este último parece real pra mim. Sonho com palavras, frases ditas, olhares, sorrisos, beijos, abraços. Sonho com um grande dia, sem restrições, em que serei eu da forma mais minha que eu possa ser.

Escondo da razão o que quero nesse mundo. Completamente desprovida de limites físicos, vivo facilmente qualquer coisa que transcenda este mundo.
A dor, aquela "tristeza de quem ama", não me faz menos feliz. Se amo, me encontro. Um encontro de faz de conta, mas que conta muito pra mim. Tristeza pra mim é partida esperada de novos sonhos: do amor ficam as dores, novos sabores e cores.
Mas às vezes ainda não sei quem sou. E quando eu disser que não sei, minto. Eu sempre sei. Sei porque pensar faz parte daquilo que melhor eu sei fazer, penso tanto que não descanso, não se descansa com um coração assim. Então sou sincera, faca de dois gumes, ao mesmo tempo em que alivia, culpa a verdade de se assumir.
Nessas horas, já não sei o que faço. Ser humano é justamente isso, sentir coisas provenientes de todo tipo de plantio que há no mundo. E contraditoriamente, ser humano é poder escolher deixar-se levar ou não por essa gama de sentimentos e vontades que aflige todo ser.
Penso então, e sinto que devo pensar, que não sou desse mundo. De onde eu venho deve ter explicação pra tudo isso, há de haver razão naquilo que o coração diz, e há de a ver sentimento naquilo que penso. Penso e ajo as vezes com o coração, penso e não ajo, ajo sem o coração, sinto que deveria ter pensado, penso que não deveria ter amado, amo como não se pode pensar: continuo a me inventar.
Ana C. Fernandes.

sábado, 31 de outubro de 2009

A última carta



A forma como duas pessoas se conhecem às vezes pré determina a forma como elas vão se separar, mas nunca mostra como isso pode doer.
Quando eu vi seu rostinho lindo pela primeira vez e o sorriso que vc me lançou, eu pensei: é minha vez de ser feliz! E cada gesto, cada palavra, tudo me mostrava como era especial essa pessoa que estava entrando na minha vida.
Fui egoísta, quis ser feliz, e por isso me entreguei pra vc que era aquela pessoa perfeita, aquela que todo mundo procura, coisa de príncipe e de princesa. Tola que sou, devia saber que conto de fadas não existe.
No fundo eu sabia, mas fechei os olhos e deixei vc me conduzir. E vc me tirou pra dançar e a gente dançou no céu, nas estrelas, a gente mergulhou no fundo do mar e andamos em cavalos marinhos.
E eu, que nunca soube o que era ser amada, me senti tão segura que poderia voar sem asas, poderia pairar sobre as flores e entre as flores beijar meu beija-flor.
Mas eu, que só aprendi a ser desprezada, deixada de lado e de canto, não me contentei com a alegria que isso me proporcionava. Como pode um ser humano tão estranhamente desprezar a felicidade?
É que não sou humana, eu não sou daqui. Talvez se teu sorriso não fosse tão lindo e seu coração tão grande e vc tão perfeita eu ficasse em paz. Mas não pude, fui sincera desde o começo, eu não sou daqui, lembro-me bem como eu disse. E vc disse que não tinha problema, e eu disse que não sendo daqui não poderia te fazer feliz e vc pediu que me calasse.
E agora que percebi que minha incapacidade de te fazer feliz já estava refletindo na ausência daquilo que te faz única, seu sorriso sincero, te deixo, e deixo a certeza de que vc precisa ficar, pois o lugar em que vivo é sombrio e a solidão é a única comida pra quem tem fome.
Nessa separação, cada um leva o que trouxe. Vc fica com seu sorriso lindo, por favor carregue a paz, o caráter, o olhar verdadeiro, a persistência, a vontade de vencer na vida. Deixa que eu leve a dor, pois foi eu que a trouxe. Quero-a toda pra mim, por favor. A única coisa que vamos dividir, se vc quiser, são as lembranças, pois são tantas e tão boas que podemos dividi-las infinitamente sem briga.
Ana C. Fernandes

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Agora

Quero que fique onde está
Não se mexa,
Não ouse piscar.

Quero ver o brilho dos seus olhos
E o lacrimejar dos meus diante dos seus,
Nos seus.

Quero sentir o seu cheiro
E a textura da sua pele,
Minhas mãos no seu cabelo,
no seu rosto,
A certeza de que é você.

Levemente,
seus lábios nos meus,
sua respiração na minha,
O ar quente que quase me sufoca,
me faz sentir segura.
A certeza de que sou eu.

Então me envolva nos seus braços
E diga mais uma vez
Que já estamos bem.

Deixa que nesse abraço
Eu me esqueça
Eu me perca em você,
Dentro de você.

E quando eu disser que sim,
Sorria,
O seu sorriso é a felicidade que eu preciso
para poder te amar.

A sua paz é a força que
Eu preciso pra continuar,
Na luta,
Na disputa,
dos dias que se acabam
que aos poucos me apagam
E não reacendem a luz que eu tenho
diante de você.
Perto de você.
Com você.
Por você.
Para você.

Ana C. Fernandes.




sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Para todo o sempre



Quando penso no mundo, imagino uma esfera girando em sentido horário e as pessoas correndo ao redor da mesma esfera em sentido anti-horário. Às vezes, as pessoas correm tanto que eu acho que elas vão mesmo conseguir dar uma volta no mundo antes do dia acabar. E embora cada pessoa tenha uma vida única, todas elas estão na mesma vibração: chegar lá. Onde? Lá. Lá onde? Lá onde elas pensam que vão chegar, oras. Mas não, nenhuma delas vai chegar lá assim, não assim. Estamos todos correndo para o ponto zero.

Calma, o ponto zero não é o fim, mas o começo, ou melhor, o recomeço. Mais um dos inúmeros recomeços em que nos embarcamos nessa jornada eterna em que sempre acabamos por nos desencaminhar.

Do que eu estou falando? Estou contando pra vc a sua vida. Essa vida em que cada um de nós adormece pensando no que vai fazer amanha e acorda com a vontade de que o dia termine logo.

E de repente, como num passe de mágica, vc esquece tudo. Vc esquece o vestibular, a faculdade, o trabalho, as dívidas. De repente, tudo aquilo que te atormentava o tempo todo desaparece, sabe por quê? Porque chegou seu ponto zero. Aquele ponto em que vc é colocado diante das coisas mais importantes da vida, aquele ponto em que nada, a não ser o que acaba de acontecer, importa. E nessas horas, geralmente o que importa é uma perda muito doída: o melhor amigo, um pai, uma mãe, a saúde, a própria vida.

E é assim, nem lá no céu, nem lá onde dizem ficar o inferno, é aqui mesmo na Terra. É aqui que vc percebe o quanto essa vida que levamos é mesquinha e o quanto somos pequenos. Nada mais importa, nem a melhor nota, nem o melhor carro, nem o melhor emprego, nem o cabelo mais liso; todos ficamos sob a mesma condição, humanos frágeis, miseráveis, pequenos diante da imensidão de uma força maior alheia à nossa vontade, mas que só existe porque nós estamos correndo no sentido contrário, mesmo sabendo que o caminho certo sempre esteve aqui, a qualquer hora, antes mesmo que o grande homem precisasse descer das estrelas e dizer: eu sou o caminho, a verdade, e a vida, e ninguém vai ao Pai senão por mim.

Só então vc percebe que deveria ter sido melhor. Não o melhor aluno, mas o mais atencioso. Não a melhor esposa, mas a mais amorosa. Não o mais bonito, mas o mais paciente. Uma pessoa esforçada sim em seus ideais terrenos, mas ainda mais interessada em chegar num lugar chamado consciência limpa, com o sentimento de dever de ser humano cumprido, paz na alma e no coração, porque só isso pode te levar ao destino único de todos nós, a verdadeira felicidade.

E tudo isso apenas porque o que importa nessa vida é um tanto de amor e respeito em todas as situações, do começo ao fim do dia, para todo o sempre.

Ana C.

domingo, 19 de julho de 2009

Um possível capítulo - Quem sou eu.

Não será muito fácil vc me entender se vc não seguir as regras, eu tento sempre seguir as regras e é por isso que sou assim, estranha para alguns, especiais para outros, enfim, ngm sabe ao certo quem eu sou de verdade, mas as regras não são muitas, eu as resumiria em uma única frase, que não é minha: Faça aos outros apenas aquilo que gostaríeis que fizessem contigo. Por isso minha vida é assim, as coisas às vezes parecem n ser boas, mas é uma questão de tempo para eu perceber que agi certo. Algumas pessoas me repreendem por isso, eu espero que algum dia elas me desculpem e entendam que nada do que eu fiz até hoje foi por mal, os erros que cometi com os outros foram atitudes que eu interpretei como certas, e como nem todos pensam igual, tornaram-se erros. Mas o que eu fiz em relação a mim tentando acertar e me enganei, não chamo de erro, mas de aprendizado, os piores momentos da minha vida trouxeram grandes felicidades. Porém, de fato, sou estranha. Peça-me para provar algo novo e experimentarei o de sempre. Nem sempre, é claro, mas confesso que me delicio com os mesmo sabores, cores, e lugares, não é que eu não saia da rotina, apenas gosto de saber o que estar por vim, o que não é menos emocionante do que uma surpresa se vc faz sempre o que gosta. No mais, tenho muitos defeitos. Dizem que sou inteligente, mas estão equivocados, esforço-me apenas para estar na frente porque não sou segura o suficiente para ficar atrás. Dizem que sou esforçada, mas não tenho mérito nisso, as circunstâncias sempre me foram favoráveis. Também dizem que sou ciumenta e possessiva, acho que estão certos, sou como alguém que tenta segurar a água fechando as mãos, como se ela não pudesse escorrer por entre meus dedos. Então eu me pergunto se eu gostaria que alguém tentasse me segurar assim e me dou conta de que não sou exatamente a pessoa que consegue seguir as regras. Pelo menos eu tenho a certeza de que também posso escorregar por entre os dedos, todos podemos, até aqueles que mais amamos e a quem mais nos damos, até esses porque o que não é do interesse de alguém pode sufocar mesmo sendo tão bonito quanto é o amor. O que eu mesma não acredito, porque se um de nós, ou melhor, se eu fosse capaz de amar de verdade eu não ousaria fechar a mão. Mas peço, entretanto, que segure a minha mão, seja egoísta e, se possível, não me solte, nem mesmo se eu gritar e quiser sair correndo, ou escorrendo pelo seu braço. Eu preciso mesmo que fique e me sufoque de amor, deixe que me falte o ar, mas não me deixe só. Às vezes que tentei voar voltei porque alguém me segurou quando caí, por isso preciso ficar aqui, eu sempre me lembro de dizer à gravidade que não se esqueça de manter-me no chão. Mas ainda assim, acredito que tenho coisas boas, tenho pelo uma sementinha de amor pra cultivar aqui dentro, e acho que todo aquele que tenta seguir as regras já é virtuoso, mesmo que falhe às vezes, afinal, aquele que sempre acerta não precisa mais de regras e, conseqüentemente, pode partir em direção da luz.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Apenas um Prefácio

Lamento nunca ter escrito um diário. Sempre achei que diários eram tolice, mas percebo agora que, se eu tivesse um em minhas mãos, seria de grande ajuda. Diários descrevem o seu dia, eu sempre quis mais, não digo mais que um dia, digo mais do que se pode escrever sobre o dia. Nem sempre pode tratar-se do dia como uma marcação de tempo, há mais em único dia do que os segundos poderiam contar, entre um segundo e outro, pode haver a imensidão de toda uma vida ou a percepção de que nada foi essa vida. Não sei por que falo dos dias, talvez eu nem percebesse os dias, às vezes tenho a impressão que passei pela vida escondida dos dias, presa numa espécie absurda de bolha de pensamentos ridículos ou torturantes. Porém desejo mais do que nunca dar um salto, queria pular para vida, ou seria da vida? Ainda não sei, mas não posso pular daqui, li em algum lugar que não se pode ir tão adiante sem voltar um pouco, é preciso dar uns passos para traz a fim de conseguir o impulso necessário para dar um pulo. Por isso estou tentando voltar, saber ao certo como cheguei até aqui, mas não me lembro de tudo e não tenho tantas certezas, não sei exatamente em que ponto começa a minha história e a história da minha vida, se ficção e fato se misturarem aqui não me julguem mal, é que talvez minhas maiores verdades não tenham sido vividas ou eu tenha vivido verdades tão sombrias que acreditei não tê-las vivido. Se minha mente conseguisse lembrar porque eu insisto em escrever talvez eu pudesse parar por aqui e não torturasse vocês com tantos pensamentos vagos, mas não há razão nenhuma a não ser esse imenso fogaréu que me consome por dentro as palavras que, de tão sufocadas, saem como fumaça das minhas mãos. Tenho a sensação de que as vezes não escrevo por mim, as vezes as palavras que solto formam frases que não poderiam fazer sentido se algum sentido eu procurar na minha vida, sei que há um sentido em minha vida, e abusando dessa palavra, tenho sentido muito esse sentido nos últimos dias, mas não vejo porque ele me conduz a escrever. Às vezes penso que as palavras precisam sair pra eu respirar, mas a verdade, se é que a verdade poderia sair de mim, é que me alimento das palavras que escrevo, vivo porque elas me mantêm viva, ou talvez não vivo porque elas me alimentam a inexistência. Mas pra mim, tanto faz, há vida na inexistência, há um imenso e aconchegante não ser humano que me conforta e me aquieta. Há um não ser humano extremamente prazeroso na imensidão da inexistência, que de forma alguma é a morte. A inexistência que digo é um estado de alma em que as coisas ao seu redor não mais lhe afligem, nem te tocam, nem te fazem chorar ou sorrir, é um momento único em que se pode deixar de ser o personagem e ser o observador da vida, e então pode-se ver a felicidade em câmera lenta e as pessoas que passam por vc, pode se olhar o que elas falam com a alma porque vc não vê que está tão perto dessa pessoa, olhando-a nos olhos, de uma forma que sobriamente ninguém ousaria. Enfim, a inexistência pode ser repleta de vida e boas recordações, talvez tenha sido na inexistência que eu tomei consciência de que se eu não tornasse tudo isso uma verdade escrita, e verdade apenas porque tangível, não porque não seja mentira, o que não implica em dizer que as coisas não tangíveis não sejam verdades, até porque acredito que minhas maiores verdades nunca poderão ser tangíveis, eu não poderia prosseguir, não há como prosseguir se eu não voltar, estou tentando voltar, porém temo em me perder no caminho, assim como se perderam João e Maria, mas João e Maria se perderam num conto de fadas e não em suas próprias vidas, o que me alivia bastante, ou me apavora muito, porque quem sabe, temendo a verdade, eu tenha entrado num mundo de fantasias.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Uma poesia À parte, a partir da parte de mim que agora é você.

~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~
De repente, nao mais que de repente
~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~ ~~
De repente,
Assim tão repentinamente
Do caos, fez-se a calmaria;
Do pranto, o encanto
Da noite, o dia.

~~ ~~ ~~

De repente,
Ainda que sutilmente,
Veio-me a vida falar de amor
Mostrou-me novos rumores
Novos tons, perfumes
Novos sabores.

~~ ~~ ~~

Assim foi que vi
Azuis, rosas, brancas e amarelas
Borboletas belas
Voando dentro de mim
Brincando entre as flores
Dentro do meu coração, um jardim

~~ ~~ ~~

De repente,
Mais do que nunca, intensamente!
Chegou o amor, ao coração
Do coração ele expulsou, deixou sozinha,
A própria e impertinente solidão

~~ ~~ ~~

De repente
E digo, finalmente,
A alegria renasceu
Do seu sorriso, fez-se o meu
Da sua presença, a minha existência
Da sua existência, a minha esperança
Da tua mão, a minha segurança
Da sua luz, o meu caminho
Do seu caminho,
A minha vida.
Da sua vida, o meu ninho.

Ana C. Fernandes.

sábado, 6 de junho de 2009

Como sempre estive, completa de prazer, nua de corpo e alma.

Não entre.
Deixe que eu chore em paz.
Se minha cabeça não agüenta mais, tão pouco agüenta o coração.
Eu quero a porta fechada, não abra, não mexa em nada.
Deixe meus livros no chão,
Deixe minhas roupas onde estão,
Eu quero a cama desarrumada misturada com os cacos do meu coração.

Não importa que a chuva entre pela janela
Depois a água evapora se o sol entrar
O que o sol não cura é a ferida doída,
Mordida e lambida da sua infinita ausência.
Indiferença sem fim
Fez tão forte a minha dor
Fez tão pouco caso do amor
Só esqueceu-se de levá-lo de mim.

Não suporto portas entreabertas, palavras contidas
Egoístas, escondidas.
Desprovidas de emoção
Camuflando a intenção
De degustar-me inteira
E depois deixar-me inteira
Ao sabor da solidão

O quê vc sabe bem fazer
É roubar-me toda a calma
Acabo vazia de vc, completa de prazer
Nua de corpo e alma.



Ana C. Fernandes.

Não me deixe só, solidão.

A música acabou e o ultimo verso ficou rondando minha cabeça. “Ela apareceu, parecia tão sozinha. Parecia que era minha aquela solidão”.
Um triz e eu não percebo o que estava acontecendo.
Há quem roube os sonhos alheios, eu roubo a solidão.
A solidão é meu maior refúgio, minha maior beleza, minha maior alegria e minha maior tristeza. Não sei andar sem ela, nunca andei. Por todos os lugares por onde passei, ela me deu a mão, me segurou forte, me disse sim, me disse não. Fez de mim menina só, menina grande, de grandes sonhos, de grandes chances, de grandes feitos.
O teu cheiro, o teu beijo, o teu abraço. O seu perfume eu sinto de longe. Um sorriso doído, um olhar perdido, e eu sei que é vc, te roubo pra mim. Não suporto que seja de outra, não me contenho, vou lá e me dou em troca de vc, me dou até que vão todas embora, e te deixam pra mim. Dou-me tanto que te entregam inteira, e se não entregam eu lhe roubo, tiro-te toda, e tiro sem pudor, sem a vergonha de quem faz alguma coisa errada.
Será pra sempre minha, solidão. Se alguém um dia te tirar de mim, acho que padeço, não conheço outra companhia que me complete, que me conheça, que caiba nos meus sonhos, que entenda meus pensamentos.
Quero-te sempre, e te quero toda. Abraça-me forte solidão, durma comigo essa noite e todas as noites, amanheça aqui, fique aqui, não deixe que ninguém se aproxime e não me deixe por ninguém. Não há nesse mundo alguém que te quer tão bem.
Não me deixe só, solidão.

Ana C. Fernandes



domingo, 31 de maio de 2009

Algumas palavras dela

Ela disse que eu tinha um dom, eu ensaiei um sorriso.
Eu sabia conquistar as pessoas, eu não fazia nada que n fosse da minha maneira de ser e ainda assim eu simplesmente conquistava as pessoas.
Vc atrai as pessoas com seu carisma, e vc as afasta quando deposita suas esperanças nelas. Eu fingi que já sabia.
O fato é que, quem atrai as pessoas, as atrai porque precisa delas, e precisar é um dos maiores perigos de viver, quem precisa e não tem, acaba por querer demais.
E ela, ela sabia que não dava pra ser e mesmo assim não foi embora, então eu tive que expulsá-la, chorando, mas tive, porque se ela não vai embora e ainda assim não me alcança, ao mesmo tempo em que eu não a perco, eu não a tenho, e não perder o que não tem, é pior que sonhar que se tem o que não se pode ter.
Quando é assim, dói menos perder de vez do que aos pouquinhos, porque aos pouquinhos a gente também some, há um vazio que consome e não devolve, há um não querer-te que te mastiga; e de uma vez a gente cai, mas depois levanta.
Por isso hoje eu sou direta, eu aviso logo que se vier tem que vir pra ficar, pra me suprir e não me matar. Se quiser, vai ter que me engolir de uma vez, fazer de mim teu capricho e deixar-me as mãos pra que eu possa segurar.
Eu não suporto pessoas que me querem pela metade, eu não existo sendo meio amiga, meio Irma, meio filha, meio mulher. Eu só existo completamente, intensamente, inteira com todo o amor que existe aqui.
Há quem diz que quem vem com tudo não alcança, que o que vem de uma vez assusta. Pra ser sincera eu entendo, mas não mudo. Eu até tento, mas não mudo.
Quem quiser então vai ter que se assustar mesmo, vai ter que ser mais corajoso e mais rápido, antes que eu vá embora, porque nos últimos tempos eu aprendi a ir embora antes de me machucar, a partir antes que partam o coração.
Esse é o dom de quem vive cada momento, de quem faz cada momento intenso o suficiente pra começar ou terminar aquilo que nem sequer estava nos planos. Esse é dom de querer demais e dar demais, esse é o meu dom e o meu maior castigo.

Ana C. Fernandes.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Sobre a plenitude do amor.

Esse texto é meu, mas não é pra minha mãe. Ontem eu estive com uma amiga e doeu muito em mim a situação em que ela se encontrava. E doeu mais ainda porque eu lembrei que minha melhor amiga também passa pela mesma situação. E finalmente, doeu demais quando eu pensei que muitas, muitas pessoas mesmo passam pela mesma situação. Então eu me coloquei no lugar delas, eu pensei em cada dia, em cada momento, e foi tão difícil pra mim que eu resolvi escrever uma carta, não pra minha mãe, porque a minha mãe e a minha família conseguem entender o significado do amor, mas muitas mães não. E é para elas que escrevo, em nome de todas as pessoas que amam e querem ser amadas, independente de quem amam.

Mãe,
Estou escrevendo porque não sou corajosa o suficiente pra te dizer tudo o que eu preciso olhando-te nos olhos. Mas eu estou escrevendo porque eu te amo incondicionalmente, vc é a pessoa mais importante que existe na minha vida e está sendo muito difícil pra mim, principalmente nos últimos tempos, conviver com uma decisão que eu gostaria de não precisar tomar. É difícil ter que escolher entre a minha felicidade e a sua felicidade.
Sei que a princípio isso não faz sentido, com certeza você quer meu bem e a minha felicidade é o motivo da sua, assim como a sua felicidade também é motivo da minha. Porém, eu não estou bem, meus dias estão difíceis e doídos.
Eu queria muito, muito mesmo, poder te contar sobre os meus sentimentos, sobre meus amigos, sobre as coisas que a gente faz junto, e principalmente, sobre as pessoas que se aproximam do meu coração.
Infelizmente mãe, eu não sou aquilo que você sonhou. E isso me dói de uma forma que vc não pode sequer imaginar. Eu queria que vc se orgulhasse de mim, eu queria que vc soubesse que é muito importante pra mim a sua participação na minha vida.
E é justamente por isso que estou escrevendo, porque não agüento mais ter que esconder de você o sentimento que é, por excelência, o mais lindo de todos; aquele que move a vida das pessoas, que fazem elas sonharem e crescerem, que faz elas se unirem e construírem uma vida juntas. Esse sentimento não tem cor, não tem raça e, principalmente, não tem forma de mudá-lo. A esse sentimento, chamam de amor.
É isso mãe, eu queria que vc pensasse sobre o amor, sobre como o amor te fez feliz, sobre como ele moveu a sua vida e queria que vc pensasse em como é difícil ir contra esse sentimento.
Eu queria que vc entendesse que por mais que eu tenha tentado, eu não consigo gostar de nenhum garoto, de nenhum rapaz, isso nunca aconteceu e provavelmente não vai acontecer, porque eu me sinto atraída por meninas e são elas que me completam, que me fazem sorrir, que me fazem feliz.
E não é isso que vc quer pra mim mãe? Vc não me quer sorrindo? A minha felicidade não é a sua felicidade?
Sabe, muitas pessoas pensam, e talvez vc tbm pense que isso é uma coisa promíscua. Mas não é verdade, a promiscuidade existe em todos os lugares e entre todos os tipos de pessoas.
Eu só quero a chance de fazer uma pessoa feliz com o seu consentimento, fazer essa pessoas feliz me faria mais feliz ainda, eu só queria poder abraçar essa pessoa tranqüila, olhá-la nos olhos e deixar que ela me completasse, porque as pessoas não foram feitas pra ficarem sozinhas, a solidão dói, e tem me doído muito.
Se eu pudesse fazer um pedido, pediria não ter que escolher entre essa felicidade e a sua felicidade mãe, eu queria que vc ficasse feliz por mim, eu queria que eu pudesse te apresentar alguém e que nós três pudéssemos sair pra conversar, pra fazer compras, pra assistir um filme, como pessoas normais, porque eu sou uma pessoa normal mãe, e as pessoas normais amam.
E acima de tudo, eu amo você, e não quero fazer nada que vc não saiba.
M. C.
Ana C. Fernandes

sábado, 16 de maio de 2009

Resposta a uma amiga

Ousaram dizer-me o que sou
Ana é intensa, Ana é imensa
Ser feita de versos e estrofes
É sua maior sentença

Pois saiba, querida amiga
Que se eu fosse poesia
Ninguém sequer ousaria
Escrever-me sem amor

Se eu fosse poesia
Nenhum verso terminaria com amor
Pois certamente haveria
Alguém para rimá-lo com dor

E se eu fosse poesia
Eu seria incompleta
Porque não há palavra no mundo
Que de significado fosse repleta

Não haveria versos
Que de palavras tivesse fim
Não haveria rimas
Pra tantos eus que há de mim
Ana C. Fernandes

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Árdidas, sóbrias e verdadeiras palavras




Havia um garoto e havia um tuim, e havia ainda o imenso amor que o garoto tinha pelo tuim. Mas tuim é um bicho livre, um pequeno periquito que não sabe viver sozinho.

O garoto fazia de tudo para nunca perder o tuim, fechava as janelas da casa, andava com o tuim no dedo. Um dia o tuim escapou para o quintal e não voltou. Foi uma busca difícil e angustiante, até que o menino encontrou o tuim na casa de um vizinho.

Então o garoto resolveu cortar as asas do tuim, seria doído, mas seria mais doído para o menino ficar sem o seu tuim.

Um dia um gato pulou o muro e comeu o tuim.

Essa história não é minha, a minha história começa agora.

Eu não vou mentir, eu fiz de tudo para que vc estivesse sempre ao meu lado, eu procurei vc em todos os lugares, eu dei o melhor de mim, eu fui sincera e amiga, e te dei o papel da melhor da atriz.

E ainda assim, vc se foi, foi como o tuim que não queria ir embora, mas que precisava de outra pessoa, porque a ti meu coração n tinha serventia.

Talvez, esse tenha sido o golpe mais difícil dos meus dias, eu não estava preparada pra te ver partir. Seria hipocrisia da minha parte dizer que fui melhor que o menino, porque eu pensei, eu realmente pensei em ir atrás de vc e tirar-te as asas.

Eu pensei que talvez, se eu não te desse alternativa, vc ficaria cmg, e sonhei que seria feliz, que seríamos felizes.

Aí eu lembrei do seu sorriso, e do dia que vc ensaiou uma gargalhada fazendo uma brincadeira, um dia em que eu estava deitada no seu colo, na sua casa. E a cena do seu riso espontâneo, feliz, de quem realmente sentia-se bem, veio de encontro à imagem do tuim, cortado, sangrando, sem asas, e eu pensei no gato e em como ele não havia hesitado nem por um instante em comer o tuim.

Então eu chorei as mais tristes e libertadoras lágrimas da minha vida. Eu chorei pensando que, se não houvesse mais o seu sorriso, se a imagem do seu sorriso fosse substituída pela imagem da tua angustia diante da ausência da tua amiga, então haveria o gato de ter te comido. Mais do que isso, eu seria o garoto egoísta e, a tristeza, o gato, que impiedosamente haveria de te consumir.

E de repente, dei-me conta do amor, do imenso amor que nunca haverá de morrer dentro de mim, do imenso amor que me mataria se eu não tivesse a recordação doce da sua presença, do amor incapaz de te fazer infeliz.

Por isso eu te liguei, e conversamos, foi então que descobrimos o que havia acontecido no tempo em que me privei da sua presença. Foi então que trocamos elogios, lembranças, que rimos de coisas bobas.

Foi então que eu disse segura, com a mais engasgada garganta e com as mais árdidas, sóbrias e verdadeiras palavras que, se vc estivesse feliz, eu haveria de estar, porque nada nessa vida poderia ser mais bonito do que lembrar de vc sorrindo.

E quanto a mim...eu haverei de aprender muito com os tuins.




Ana C. Fernandes.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Eu sou a palavra da vez.

Um jogo de palavras e eu coloco tudo a perder, ou a ganhar.

domingo, 3 de maio de 2009

Um amor pra quem quiser

Hoje quero escrever aos tolos e, como tola que sou, escrevo pra mim.

Hoje eu quero falar de amor, do meu amor, do amor dos tolos.

Do amor que só os tolos entendem porque esse amor é vil, barato, é um amor pra quem quiser. É um amor que jorra incessantemente do peito e transborda do coração, escorre pelas mãos, pelos olhares, pelos sorrisos e espalha-se rapidamente pelo chão.

Ele escorre porque é demasiado intenso pra caber dentro dos tolos, que amam sem ser amados, que amam e vivem intensamente um amor que não existiu, que não existe, que nunca vai acontecer.

Somente os tolos entendem a imensidão do amor porque nem eles mesmos conseguem contê-lo dentro de si. Eles não conseguem sequer segurar uma flor sem se espinhar... Por quê?

Porque acreditam que a dor é uma companhia inevitável, porque acostumaram com sua presença, porque sem ela viveriam na solidão.

A esses, os tolos, quero dar o meu desprezo, minhas maiores aversões. Quero que saibam que os odeio e que não são maiores que ninguém por conhecerem a dor.

E mais, quero que saibam que não são dignos da felicidade, porque deixaram crescer o amor, porque não sucumbiram a essa sociedade materialista, imediata, instantânea, porque amaram tanto e agora há tanto amor que esse amor não vale nada. Amor derramado, escorrido, amor que ninguém quer.

Um amor que suplica, implora a atenção de quem passa e pede um lugar pra ficar, pra entrar e nunca mais sair.

É esse amor de tolos, imenso e vil, intenso e barato, verdadeiro e por isso raro, que abandono agora.

Meu amor há de ser caro. Há de ser amor finito, indigno de poetas e poesias, porque esses que escrevem, são os mesmos que amam, são a própria poesia, e se vc prestar atenção, são todos diretores de peças e atores de papeis tristes.

Eles fazem grandes espetáculos, caros, raros, tanto que ninguém os assistem. Eles criam os papéis e as pessoas os desempenham sem ao menos tomar conhecimento disso. São papéis ridicularizados pelo amor profundo, intenso, inexistente fora de um grande espetáculo, fora de um grande poeta, fora de um grande tolo.

Quero brindar à realidade, a minha crescente inexistência; a minha ausência, porque sou amor, sou o próprio amor derramado no cenário da atriz. Da atriz que fugiu correndo, da atriz que nunca representou o seu papel, o papel que eu dei a ela e que ela não quiz.

Ana C. Fernandes.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

terça-feira, 21 de abril de 2009

Quem sou eu, por mim mesma.

Essa é uma pergunta muito corriqueira pra quem vive num mundo virtual cheio de páginas e blogs em que uma série de perguntas é feita com o objetivo de mostrar aos possíveis visitantes da sua página aquilo que, na verdade, eu chamo de conjunto de características superficiais, associadas a uma série de frases retiradas dos livros mais complexos possíveis.

Porém, quando me deparo com essa pergunta fora de um contexto exibicionista, eu realmente sinto que é muito difícil respondê-la e que as minhas primeiras tentativas tendem a um “não sei na verdade quem eu sou” meio desesperadOR.
É complicado despojar-se de toda uma bagagem de características que foram sendo incorporadas àquilo que achamos que somos através de críticas ou elogios durante anos e que têm um peso muito forte diante das posturas que a gente tem que tomar para que esses conceitos alheios não sejam contrariados ou, no caso dos defeitos, completamente contrariados.

Então eu vou tentar, sem muita esperança, traduzir pelo menos um pouquinho das poucas certezas que eu tenho sobre mim, e se você for uma pessoa cautelosa, tão cautelosa com as minhas palavras quanto eu estou sendo agora para que nenhuma palavra me leve a uma grande mentira, se vc for alguém que não tenha intenção de me entender num quadro cubista, com todas as minhas faces escancaradas ou se vc for alguém que prefere achar uma resposta em mil livros do que no primeiro site que aparecer na sua busca do Google, então talvez vc consiga.

Mesmo assim, seria muita pretensão da sua parte achar que o pouco que eu vou falar será suficiente pra vc ignorar meu perfil ou adorá-lo. Nada do que eu falar será tão significante quanto me sentir, sentir o que há no intervalo dos meus sorrisos, dos meus olhares, das minhas falas, dos meus gestos, dos meus abraços.

Mas como eu prometi, eu vou dizer.

Eu sou uma garota, eu ainda acho que eu sou uma garota e não uma mulher, que não tem mais um grande sonho pra realizar, que deixou de lado aquela história de ser uma pessoa famosa e rica pra ser alguém que se preocupa mais com as conquistas do dia-a-dia, que já são tão complicadas e difíceis. Essas conquistas não se resumem a cumprir meus horários corridos e minhas atividades não pessoais. È muito mais, bem mais que isso.

Conquistar meu dia é começar e terminar-lo sem me alterar com as pequenas decepções da faculdade, dos amigos que nem sempre podem ser aquilo que gostaríamos, sem ficar muito ansiosa com tanta preocupação, sem deixar que ninguém tire de mim palavras que ferem. É tentar em todos os momentos ser positiva, determinada, sorridente, carinhosa. E com muita certeza, nada disso é fácil, poucos são dias em que me sinto realizada.
Uma das minhas maiores verdades é que eu tenho um mundo a parte pra viver tudo aquilo que eu gostaria e não posso. Esse mundo tão particular às vezes faz com que as pessoas pensem que eu prefiro ficar sozinha, no meu canto, que talvez eu não me importe. Mas na verdade eu me importo e as observo muito, há como ver tudo o que acontece daqui de dentro. E definitivamente, não gosto de ficar sozinha, mas a maioria das pessoas que me tira a solidão não me faz verdadeira companhia, elas não chegam nem perto de estar perto de mim, há uma frase que diz isso: “Odeio quem me rouba a solidão sem verdadeiramente me oferecer companhia”. E é exatamente isso, não consigo estabelecer relações superficiais, eu realmente preciso que me alcancem.

Outra verdade que tenho mesmo que falar é que sou evangelizadora infantil e que essa é uma das maiores alegrias da minha vida. Eu nem tenho como descrever a felicidade que é planejar uma aula, um jogo, uma gincana, ver as crianças entusiasmadas, perceber que elas aprenderam alguma coisa e principalmente, aprender com elas, e isso acontece em todas as aulas, com seus comentários inocentes, com suas perguntas às vezes indevidas tão completamente providas de uma curiosidade sem malícia. Mas há ainda os seus abraços, seus “adoro vc tia” seus recadinhos no caderno, seus gestos tão únicos, e há os companheiros de jornada nesse trabalho sem os quais eu não sei o que seria desse trabalho também do meu coração.

Além disso tem as demais coisas que eu gosto ou não de fazer, mas não sei se dizer isso vai servir de base pra alguma conclusão que não seja precipitada.

Dentre elas, eu amo sair com meus amigos, aqueles amigos de verdade, que os anos não deixam irem embora e aqueles cuja a convivência difícil não impede que gostemos cada vez mais um do outro.

Tem a faculdade que, tão repleta de matérias que adoro, seria um dos meus maiores prazeres não fosse o fato de ser em período integral e me deixar completamente desprovida de tempo e coragem pra fazer outras coisas na minha vida.

Há ainda minhas preferências sobre lugares, músicas, programas, filmes, séries, livros, comidas, roupas... Mas isso pra mim é tão completamente fora de contexto neste contexto que eu prefiro dizer depois, são coisas que não deixo interferir nas minhas relações porque acho muito pouco diante do que é ter afinidade, sintonia com alguém. E aqueles que insistem em se relacionar comigo ou não se relacionar por conta dessas preferências, com certeza são pessoas que demorarão muito, muito mesmo pra descobrir quem eu sou.
Ana C. Fernandes.

sábado, 11 de abril de 2009

O que eu vou falar agora não é pra entender, é pra sentir. Eu vou dispensar as regras de parágrafo e gêneros textuais aqui porque estou fora desses padrões no momento, mesmo admirando a forma de organização que tais gêneros usam, como começo meio e fim, isso está fora de cogitação agora, eu estou sem fim e sem meio e muito menos qualquer tipo de começo. Se houvesse um lugar em que eu estivesse, seria no intervalo que existe entre dois pontos consecutivos de uma circunferência. E afirmo que seria em uma circunferência, não poderia ser em uma reta, os pontos de uma reta vão pro infinito, eu estou dentro do finito, da finitidade da circunferência. E onde estou, ou onde não estou, porque não posso afirmar que entre dois pontos poderia haver alguma coisa, mesmo que essa coisa seja o vácuo, eu sei que tem um fim, porque aqui é o fim, ou o começo, ou nenhuma dessas opções porque qualquer ponto de uma circunferência pode ser o começo ou o fim, mas eu sei que houve um começo, ou um fim, porque na verdade o começo foi o fim e a única forma disso acontecer assim da mesma forma em varias voltas é em uma circunferência. Mas se não estou em um ponto, e sim entre dois pontos, e se não há cm afirmar quais pontos são esses, se o nada em que estou não pode ser o principio nem o fim, então talvez eu esteja no intervalo. Acho que agora sim encontrei uma palavra que pode ao menos nos remeter a um entendimento, mesmo que pequeno. A esse intervalo, quero chamar de inexistência, e não ouse pensar em morte. Não basta morrer, é preciso não existir. Não basta não ver, não ouvir e falar, é preciso não sentir. E tudo que eu estava fazendo estava errado, eu não posso fugir da maior verdade que existe dentro de mim impedindo que seu olhar, sua voz e seu cheiro chegasse até mim, porque na verdade eles não podem chegar de um lugar do qual não saíram, eles ficaram impregnados, eles são meus na medida que eu percebo o mundo com interferência deles. Eu não sei mais quais são as minhas falas e quais eram as suas, eu não sei o que eu vejo ou o que vc via. O que eu posso afirmar é que nesse lugar em que inexisto estou impossibilitada de sentir, e sentir o que não há é como encher-se do nada que compõe o universo, é expandir-se como ser imaterial à energia vital primária que originaram todos os seres... Esvaziei-me. Estou completamente nua. Tudo o que há em mim é um não ser humano infinitamente aconchegante. Não tenho forma e limite, não tenho cor, eu formo a cor, eu sou matéria de constituição e não constituída de matéria.. E se eu voltar daqui, se eu for adiante e parar em algum ponto dessa circunferência que agora entendo claramente como vida, independente do ponto em que eu esteja, se alguém puder me ver, então serei constituída de matéria novamente, serei passível de sentir em um único ponto o começo e o fim, e que esse seja o fim de todo começo e o começo de todo fim, porque se há uma coisa que agora entendo na imensidão da não existência é que o mesmo ponto que te encerra, é aquele que te cria, mais intensa,mais forte, ou mais frágil, mais esperta ou mais confiante.. mas a essência da sua existencia é a mesma.. tudo apenas se transforma.
Ana C. Fernandes