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"Advinha-me, esquenta-me com sua advinhação de mim" C.L.

domingo, 31 de maio de 2009

Algumas palavras dela

Ela disse que eu tinha um dom, eu ensaiei um sorriso.
Eu sabia conquistar as pessoas, eu não fazia nada que n fosse da minha maneira de ser e ainda assim eu simplesmente conquistava as pessoas.
Vc atrai as pessoas com seu carisma, e vc as afasta quando deposita suas esperanças nelas. Eu fingi que já sabia.
O fato é que, quem atrai as pessoas, as atrai porque precisa delas, e precisar é um dos maiores perigos de viver, quem precisa e não tem, acaba por querer demais.
E ela, ela sabia que não dava pra ser e mesmo assim não foi embora, então eu tive que expulsá-la, chorando, mas tive, porque se ela não vai embora e ainda assim não me alcança, ao mesmo tempo em que eu não a perco, eu não a tenho, e não perder o que não tem, é pior que sonhar que se tem o que não se pode ter.
Quando é assim, dói menos perder de vez do que aos pouquinhos, porque aos pouquinhos a gente também some, há um vazio que consome e não devolve, há um não querer-te que te mastiga; e de uma vez a gente cai, mas depois levanta.
Por isso hoje eu sou direta, eu aviso logo que se vier tem que vir pra ficar, pra me suprir e não me matar. Se quiser, vai ter que me engolir de uma vez, fazer de mim teu capricho e deixar-me as mãos pra que eu possa segurar.
Eu não suporto pessoas que me querem pela metade, eu não existo sendo meio amiga, meio Irma, meio filha, meio mulher. Eu só existo completamente, intensamente, inteira com todo o amor que existe aqui.
Há quem diz que quem vem com tudo não alcança, que o que vem de uma vez assusta. Pra ser sincera eu entendo, mas não mudo. Eu até tento, mas não mudo.
Quem quiser então vai ter que se assustar mesmo, vai ter que ser mais corajoso e mais rápido, antes que eu vá embora, porque nos últimos tempos eu aprendi a ir embora antes de me machucar, a partir antes que partam o coração.
Esse é o dom de quem vive cada momento, de quem faz cada momento intenso o suficiente pra começar ou terminar aquilo que nem sequer estava nos planos. Esse é dom de querer demais e dar demais, esse é o meu dom e o meu maior castigo.

Ana C. Fernandes.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Sobre a plenitude do amor.

Esse texto é meu, mas não é pra minha mãe. Ontem eu estive com uma amiga e doeu muito em mim a situação em que ela se encontrava. E doeu mais ainda porque eu lembrei que minha melhor amiga também passa pela mesma situação. E finalmente, doeu demais quando eu pensei que muitas, muitas pessoas mesmo passam pela mesma situação. Então eu me coloquei no lugar delas, eu pensei em cada dia, em cada momento, e foi tão difícil pra mim que eu resolvi escrever uma carta, não pra minha mãe, porque a minha mãe e a minha família conseguem entender o significado do amor, mas muitas mães não. E é para elas que escrevo, em nome de todas as pessoas que amam e querem ser amadas, independente de quem amam.

Mãe,
Estou escrevendo porque não sou corajosa o suficiente pra te dizer tudo o que eu preciso olhando-te nos olhos. Mas eu estou escrevendo porque eu te amo incondicionalmente, vc é a pessoa mais importante que existe na minha vida e está sendo muito difícil pra mim, principalmente nos últimos tempos, conviver com uma decisão que eu gostaria de não precisar tomar. É difícil ter que escolher entre a minha felicidade e a sua felicidade.
Sei que a princípio isso não faz sentido, com certeza você quer meu bem e a minha felicidade é o motivo da sua, assim como a sua felicidade também é motivo da minha. Porém, eu não estou bem, meus dias estão difíceis e doídos.
Eu queria muito, muito mesmo, poder te contar sobre os meus sentimentos, sobre meus amigos, sobre as coisas que a gente faz junto, e principalmente, sobre as pessoas que se aproximam do meu coração.
Infelizmente mãe, eu não sou aquilo que você sonhou. E isso me dói de uma forma que vc não pode sequer imaginar. Eu queria que vc se orgulhasse de mim, eu queria que vc soubesse que é muito importante pra mim a sua participação na minha vida.
E é justamente por isso que estou escrevendo, porque não agüento mais ter que esconder de você o sentimento que é, por excelência, o mais lindo de todos; aquele que move a vida das pessoas, que fazem elas sonharem e crescerem, que faz elas se unirem e construírem uma vida juntas. Esse sentimento não tem cor, não tem raça e, principalmente, não tem forma de mudá-lo. A esse sentimento, chamam de amor.
É isso mãe, eu queria que vc pensasse sobre o amor, sobre como o amor te fez feliz, sobre como ele moveu a sua vida e queria que vc pensasse em como é difícil ir contra esse sentimento.
Eu queria que vc entendesse que por mais que eu tenha tentado, eu não consigo gostar de nenhum garoto, de nenhum rapaz, isso nunca aconteceu e provavelmente não vai acontecer, porque eu me sinto atraída por meninas e são elas que me completam, que me fazem sorrir, que me fazem feliz.
E não é isso que vc quer pra mim mãe? Vc não me quer sorrindo? A minha felicidade não é a sua felicidade?
Sabe, muitas pessoas pensam, e talvez vc tbm pense que isso é uma coisa promíscua. Mas não é verdade, a promiscuidade existe em todos os lugares e entre todos os tipos de pessoas.
Eu só quero a chance de fazer uma pessoa feliz com o seu consentimento, fazer essa pessoas feliz me faria mais feliz ainda, eu só queria poder abraçar essa pessoa tranqüila, olhá-la nos olhos e deixar que ela me completasse, porque as pessoas não foram feitas pra ficarem sozinhas, a solidão dói, e tem me doído muito.
Se eu pudesse fazer um pedido, pediria não ter que escolher entre essa felicidade e a sua felicidade mãe, eu queria que vc ficasse feliz por mim, eu queria que eu pudesse te apresentar alguém e que nós três pudéssemos sair pra conversar, pra fazer compras, pra assistir um filme, como pessoas normais, porque eu sou uma pessoa normal mãe, e as pessoas normais amam.
E acima de tudo, eu amo você, e não quero fazer nada que vc não saiba.
M. C.
Ana C. Fernandes

sábado, 16 de maio de 2009

Resposta a uma amiga

Ousaram dizer-me o que sou
Ana é intensa, Ana é imensa
Ser feita de versos e estrofes
É sua maior sentença

Pois saiba, querida amiga
Que se eu fosse poesia
Ninguém sequer ousaria
Escrever-me sem amor

Se eu fosse poesia
Nenhum verso terminaria com amor
Pois certamente haveria
Alguém para rimá-lo com dor

E se eu fosse poesia
Eu seria incompleta
Porque não há palavra no mundo
Que de significado fosse repleta

Não haveria versos
Que de palavras tivesse fim
Não haveria rimas
Pra tantos eus que há de mim
Ana C. Fernandes

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Árdidas, sóbrias e verdadeiras palavras




Havia um garoto e havia um tuim, e havia ainda o imenso amor que o garoto tinha pelo tuim. Mas tuim é um bicho livre, um pequeno periquito que não sabe viver sozinho.

O garoto fazia de tudo para nunca perder o tuim, fechava as janelas da casa, andava com o tuim no dedo. Um dia o tuim escapou para o quintal e não voltou. Foi uma busca difícil e angustiante, até que o menino encontrou o tuim na casa de um vizinho.

Então o garoto resolveu cortar as asas do tuim, seria doído, mas seria mais doído para o menino ficar sem o seu tuim.

Um dia um gato pulou o muro e comeu o tuim.

Essa história não é minha, a minha história começa agora.

Eu não vou mentir, eu fiz de tudo para que vc estivesse sempre ao meu lado, eu procurei vc em todos os lugares, eu dei o melhor de mim, eu fui sincera e amiga, e te dei o papel da melhor da atriz.

E ainda assim, vc se foi, foi como o tuim que não queria ir embora, mas que precisava de outra pessoa, porque a ti meu coração n tinha serventia.

Talvez, esse tenha sido o golpe mais difícil dos meus dias, eu não estava preparada pra te ver partir. Seria hipocrisia da minha parte dizer que fui melhor que o menino, porque eu pensei, eu realmente pensei em ir atrás de vc e tirar-te as asas.

Eu pensei que talvez, se eu não te desse alternativa, vc ficaria cmg, e sonhei que seria feliz, que seríamos felizes.

Aí eu lembrei do seu sorriso, e do dia que vc ensaiou uma gargalhada fazendo uma brincadeira, um dia em que eu estava deitada no seu colo, na sua casa. E a cena do seu riso espontâneo, feliz, de quem realmente sentia-se bem, veio de encontro à imagem do tuim, cortado, sangrando, sem asas, e eu pensei no gato e em como ele não havia hesitado nem por um instante em comer o tuim.

Então eu chorei as mais tristes e libertadoras lágrimas da minha vida. Eu chorei pensando que, se não houvesse mais o seu sorriso, se a imagem do seu sorriso fosse substituída pela imagem da tua angustia diante da ausência da tua amiga, então haveria o gato de ter te comido. Mais do que isso, eu seria o garoto egoísta e, a tristeza, o gato, que impiedosamente haveria de te consumir.

E de repente, dei-me conta do amor, do imenso amor que nunca haverá de morrer dentro de mim, do imenso amor que me mataria se eu não tivesse a recordação doce da sua presença, do amor incapaz de te fazer infeliz.

Por isso eu te liguei, e conversamos, foi então que descobrimos o que havia acontecido no tempo em que me privei da sua presença. Foi então que trocamos elogios, lembranças, que rimos de coisas bobas.

Foi então que eu disse segura, com a mais engasgada garganta e com as mais árdidas, sóbrias e verdadeiras palavras que, se vc estivesse feliz, eu haveria de estar, porque nada nessa vida poderia ser mais bonito do que lembrar de vc sorrindo.

E quanto a mim...eu haverei de aprender muito com os tuins.




Ana C. Fernandes.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Eu sou a palavra da vez.

Um jogo de palavras e eu coloco tudo a perder, ou a ganhar.

domingo, 3 de maio de 2009

Um amor pra quem quiser

Hoje quero escrever aos tolos e, como tola que sou, escrevo pra mim.

Hoje eu quero falar de amor, do meu amor, do amor dos tolos.

Do amor que só os tolos entendem porque esse amor é vil, barato, é um amor pra quem quiser. É um amor que jorra incessantemente do peito e transborda do coração, escorre pelas mãos, pelos olhares, pelos sorrisos e espalha-se rapidamente pelo chão.

Ele escorre porque é demasiado intenso pra caber dentro dos tolos, que amam sem ser amados, que amam e vivem intensamente um amor que não existiu, que não existe, que nunca vai acontecer.

Somente os tolos entendem a imensidão do amor porque nem eles mesmos conseguem contê-lo dentro de si. Eles não conseguem sequer segurar uma flor sem se espinhar... Por quê?

Porque acreditam que a dor é uma companhia inevitável, porque acostumaram com sua presença, porque sem ela viveriam na solidão.

A esses, os tolos, quero dar o meu desprezo, minhas maiores aversões. Quero que saibam que os odeio e que não são maiores que ninguém por conhecerem a dor.

E mais, quero que saibam que não são dignos da felicidade, porque deixaram crescer o amor, porque não sucumbiram a essa sociedade materialista, imediata, instantânea, porque amaram tanto e agora há tanto amor que esse amor não vale nada. Amor derramado, escorrido, amor que ninguém quer.

Um amor que suplica, implora a atenção de quem passa e pede um lugar pra ficar, pra entrar e nunca mais sair.

É esse amor de tolos, imenso e vil, intenso e barato, verdadeiro e por isso raro, que abandono agora.

Meu amor há de ser caro. Há de ser amor finito, indigno de poetas e poesias, porque esses que escrevem, são os mesmos que amam, são a própria poesia, e se vc prestar atenção, são todos diretores de peças e atores de papeis tristes.

Eles fazem grandes espetáculos, caros, raros, tanto que ninguém os assistem. Eles criam os papéis e as pessoas os desempenham sem ao menos tomar conhecimento disso. São papéis ridicularizados pelo amor profundo, intenso, inexistente fora de um grande espetáculo, fora de um grande poeta, fora de um grande tolo.

Quero brindar à realidade, a minha crescente inexistência; a minha ausência, porque sou amor, sou o próprio amor derramado no cenário da atriz. Da atriz que fugiu correndo, da atriz que nunca representou o seu papel, o papel que eu dei a ela e que ela não quiz.

Ana C. Fernandes.