Whatever.

Minha foto
Goiânia
"Advinha-me, esquenta-me com sua advinhação de mim" C.L.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

terça-feira, 21 de abril de 2009

Quem sou eu, por mim mesma.

Essa é uma pergunta muito corriqueira pra quem vive num mundo virtual cheio de páginas e blogs em que uma série de perguntas é feita com o objetivo de mostrar aos possíveis visitantes da sua página aquilo que, na verdade, eu chamo de conjunto de características superficiais, associadas a uma série de frases retiradas dos livros mais complexos possíveis.

Porém, quando me deparo com essa pergunta fora de um contexto exibicionista, eu realmente sinto que é muito difícil respondê-la e que as minhas primeiras tentativas tendem a um “não sei na verdade quem eu sou” meio desesperadOR.
É complicado despojar-se de toda uma bagagem de características que foram sendo incorporadas àquilo que achamos que somos através de críticas ou elogios durante anos e que têm um peso muito forte diante das posturas que a gente tem que tomar para que esses conceitos alheios não sejam contrariados ou, no caso dos defeitos, completamente contrariados.

Então eu vou tentar, sem muita esperança, traduzir pelo menos um pouquinho das poucas certezas que eu tenho sobre mim, e se você for uma pessoa cautelosa, tão cautelosa com as minhas palavras quanto eu estou sendo agora para que nenhuma palavra me leve a uma grande mentira, se vc for alguém que não tenha intenção de me entender num quadro cubista, com todas as minhas faces escancaradas ou se vc for alguém que prefere achar uma resposta em mil livros do que no primeiro site que aparecer na sua busca do Google, então talvez vc consiga.

Mesmo assim, seria muita pretensão da sua parte achar que o pouco que eu vou falar será suficiente pra vc ignorar meu perfil ou adorá-lo. Nada do que eu falar será tão significante quanto me sentir, sentir o que há no intervalo dos meus sorrisos, dos meus olhares, das minhas falas, dos meus gestos, dos meus abraços.

Mas como eu prometi, eu vou dizer.

Eu sou uma garota, eu ainda acho que eu sou uma garota e não uma mulher, que não tem mais um grande sonho pra realizar, que deixou de lado aquela história de ser uma pessoa famosa e rica pra ser alguém que se preocupa mais com as conquistas do dia-a-dia, que já são tão complicadas e difíceis. Essas conquistas não se resumem a cumprir meus horários corridos e minhas atividades não pessoais. È muito mais, bem mais que isso.

Conquistar meu dia é começar e terminar-lo sem me alterar com as pequenas decepções da faculdade, dos amigos que nem sempre podem ser aquilo que gostaríamos, sem ficar muito ansiosa com tanta preocupação, sem deixar que ninguém tire de mim palavras que ferem. É tentar em todos os momentos ser positiva, determinada, sorridente, carinhosa. E com muita certeza, nada disso é fácil, poucos são dias em que me sinto realizada.
Uma das minhas maiores verdades é que eu tenho um mundo a parte pra viver tudo aquilo que eu gostaria e não posso. Esse mundo tão particular às vezes faz com que as pessoas pensem que eu prefiro ficar sozinha, no meu canto, que talvez eu não me importe. Mas na verdade eu me importo e as observo muito, há como ver tudo o que acontece daqui de dentro. E definitivamente, não gosto de ficar sozinha, mas a maioria das pessoas que me tira a solidão não me faz verdadeira companhia, elas não chegam nem perto de estar perto de mim, há uma frase que diz isso: “Odeio quem me rouba a solidão sem verdadeiramente me oferecer companhia”. E é exatamente isso, não consigo estabelecer relações superficiais, eu realmente preciso que me alcancem.

Outra verdade que tenho mesmo que falar é que sou evangelizadora infantil e que essa é uma das maiores alegrias da minha vida. Eu nem tenho como descrever a felicidade que é planejar uma aula, um jogo, uma gincana, ver as crianças entusiasmadas, perceber que elas aprenderam alguma coisa e principalmente, aprender com elas, e isso acontece em todas as aulas, com seus comentários inocentes, com suas perguntas às vezes indevidas tão completamente providas de uma curiosidade sem malícia. Mas há ainda os seus abraços, seus “adoro vc tia” seus recadinhos no caderno, seus gestos tão únicos, e há os companheiros de jornada nesse trabalho sem os quais eu não sei o que seria desse trabalho também do meu coração.

Além disso tem as demais coisas que eu gosto ou não de fazer, mas não sei se dizer isso vai servir de base pra alguma conclusão que não seja precipitada.

Dentre elas, eu amo sair com meus amigos, aqueles amigos de verdade, que os anos não deixam irem embora e aqueles cuja a convivência difícil não impede que gostemos cada vez mais um do outro.

Tem a faculdade que, tão repleta de matérias que adoro, seria um dos meus maiores prazeres não fosse o fato de ser em período integral e me deixar completamente desprovida de tempo e coragem pra fazer outras coisas na minha vida.

Há ainda minhas preferências sobre lugares, músicas, programas, filmes, séries, livros, comidas, roupas... Mas isso pra mim é tão completamente fora de contexto neste contexto que eu prefiro dizer depois, são coisas que não deixo interferir nas minhas relações porque acho muito pouco diante do que é ter afinidade, sintonia com alguém. E aqueles que insistem em se relacionar comigo ou não se relacionar por conta dessas preferências, com certeza são pessoas que demorarão muito, muito mesmo pra descobrir quem eu sou.
Ana C. Fernandes.

sábado, 11 de abril de 2009

O que eu vou falar agora não é pra entender, é pra sentir. Eu vou dispensar as regras de parágrafo e gêneros textuais aqui porque estou fora desses padrões no momento, mesmo admirando a forma de organização que tais gêneros usam, como começo meio e fim, isso está fora de cogitação agora, eu estou sem fim e sem meio e muito menos qualquer tipo de começo. Se houvesse um lugar em que eu estivesse, seria no intervalo que existe entre dois pontos consecutivos de uma circunferência. E afirmo que seria em uma circunferência, não poderia ser em uma reta, os pontos de uma reta vão pro infinito, eu estou dentro do finito, da finitidade da circunferência. E onde estou, ou onde não estou, porque não posso afirmar que entre dois pontos poderia haver alguma coisa, mesmo que essa coisa seja o vácuo, eu sei que tem um fim, porque aqui é o fim, ou o começo, ou nenhuma dessas opções porque qualquer ponto de uma circunferência pode ser o começo ou o fim, mas eu sei que houve um começo, ou um fim, porque na verdade o começo foi o fim e a única forma disso acontecer assim da mesma forma em varias voltas é em uma circunferência. Mas se não estou em um ponto, e sim entre dois pontos, e se não há cm afirmar quais pontos são esses, se o nada em que estou não pode ser o principio nem o fim, então talvez eu esteja no intervalo. Acho que agora sim encontrei uma palavra que pode ao menos nos remeter a um entendimento, mesmo que pequeno. A esse intervalo, quero chamar de inexistência, e não ouse pensar em morte. Não basta morrer, é preciso não existir. Não basta não ver, não ouvir e falar, é preciso não sentir. E tudo que eu estava fazendo estava errado, eu não posso fugir da maior verdade que existe dentro de mim impedindo que seu olhar, sua voz e seu cheiro chegasse até mim, porque na verdade eles não podem chegar de um lugar do qual não saíram, eles ficaram impregnados, eles são meus na medida que eu percebo o mundo com interferência deles. Eu não sei mais quais são as minhas falas e quais eram as suas, eu não sei o que eu vejo ou o que vc via. O que eu posso afirmar é que nesse lugar em que inexisto estou impossibilitada de sentir, e sentir o que não há é como encher-se do nada que compõe o universo, é expandir-se como ser imaterial à energia vital primária que originaram todos os seres... Esvaziei-me. Estou completamente nua. Tudo o que há em mim é um não ser humano infinitamente aconchegante. Não tenho forma e limite, não tenho cor, eu formo a cor, eu sou matéria de constituição e não constituída de matéria.. E se eu voltar daqui, se eu for adiante e parar em algum ponto dessa circunferência que agora entendo claramente como vida, independente do ponto em que eu esteja, se alguém puder me ver, então serei constituída de matéria novamente, serei passível de sentir em um único ponto o começo e o fim, e que esse seja o fim de todo começo e o começo de todo fim, porque se há uma coisa que agora entendo na imensidão da não existência é que o mesmo ponto que te encerra, é aquele que te cria, mais intensa,mais forte, ou mais frágil, mais esperta ou mais confiante.. mas a essência da sua existencia é a mesma.. tudo apenas se transforma.
Ana C. Fernandes