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"Advinha-me, esquenta-me com sua advinhação de mim" C.L.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Canção de Espera

Bom, às vezes a tristeza só sai em forma de canção, e embora eu não saiba cantar e tocar, eu fiz a letra e a melodia para guardar e aguardar meu amor.


Ah meu amor,
Se soubesse com quanta ternura eu te espero,
Guardaria em teu seio, aquilo que no meu seio,
Só pulsa dizendo eu te quero


Vem meu amor,
Eu sei que existe, o motivo persiste
Há razão, apetite
Pra durar toda uma vida


E se a saudade não tem
Outra razão pra doer
eu vou ter que dizer ao mundo essa dor


Em meu coração já não cabe
E ao meu corpo não cabe
Amar e sofrer


Eu sei que você sabe
Já é hora, é tarde
Pra esse amor acontecer


E se eu não for bom motivo
Eu digo, eu persisto
Serei pra ti o teu céu
Serei o porto no mar
Venha ao meu encontro
 Meu amor


Ana C. Fernandes

domingo, 10 de janeiro de 2010

Não é outra carta de amor.


Nossas maiores lutas envolvem o amor.
O amor pela carreira escolhida, o amor pela família, o amor pela pessoa com quem queremos passar o resto de nossas vidas, o amor próprio. Enfim, o amor próprio.
Quando todas as formas de amar estão em jogo, é ele quem estraga tudo.
Amor próprio, uma questão de auto-piedade ou de exaltação?
Amor entre duas pessoas, uma forma de altruísmo ou de cobrar muito carinho e atenção de alguém?
Amor pela carreira, uma questão de se abster de muitos prazeres ou uma verdadeira obsessão?
Amor pela família, uma sensação nata de bem estar ou uma obrigação?
Quais são as palavras, os números e a escala em que se insere o amor?
Como eu poderia falar de amor com tantas verdades que me afastam dele?
Penso que se houvesse mesmo em mim alguma coisa movida “à amor” haveria de ter também sentimentos de caridade, de compreensão, de altruísmo, de dedicação.
E há?
Há, mas acredito que sejam apenas sementinhas.
Então são todas sementinhas de amor que deveriam ser cultivadas.
E não é porque só colheremos se o plantarmos, é porque sentiremos amor se o cultivarmos, o amor não é nada que se colhe, é alguma coisa que se dá e que fica em nós como o perfume das flores que damos.
Então, se tenho que ir mesmo à luta, que seja pela causa certa.
Por isso, amor da minha vida, me acolha em seus braços agora, porque eu vou ter que ser muito forte pra entender que não posso te amar querendo, só te posso amar.
Não posso pedir que fique comigo pra sempre, mas posso fazer o meu melhor pra ser alguém que te faz ser melhor.
Também não posso dizer a minha família que me aceite, eu posso aceitar quem eles são agindo de uma forma que não os agrida. Eu não posso tentar ser a melhor na minha profissão, mas posso me dedicar ao máximo para que tudo que eu faça seja feito da melhor forma que eu poderia fazer,
carregar a consciência tranqüila é tudo que muita gente gostaria de ter.
A partir de hoje, começo a sentir minha alma leve, e quero senti-la cada dia mais leve, como os coqueiros que praticamente dançam quando bate o vento.
Quero ver a semente dar frutos, e quero fazer isso tudo porque você me faz enxergar a vida como um grande caminho a ser percorrido, um caminho em que se vai sozinho ou acompanhado, mas um caminho em que se vai de qualquer forma.
E eu, meu amor, quero ir ao seu lado, e sei que pra segurar a sua mão, eu terei que fazer de mim uma grande árvore de amor.
Quero ser alguém que saiba compartilhar os pequenos momentos com a alegria de quem admira as mais lindas paisagens.
Alguém que saiba esperar o tempo que for preciso para florir e te dar essa flor.
Alguém que entenda seus defeitos porque só entendendo alguma coisa é que se pode dar o próximo passo. Alguém que realmente saiba ver o amor aonde exista apenas uma sementinha pra ser cultivada pelas quatro mãos.

E depois disso tudo, já me sinto maior, sinto que terei orgulho da minha vida porque a minha sementinha insiste em dizer que ama vc.
Ana C. Fernandes.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Diante do nada.

Em alguma parte de um livro da clarice, uma de suas personagens se encontrou diante do nada. Entao, não pude evitar, essa expressão trouxe à tona tudo que eu queria dizer e não conseguia, coisas passadas, coisas atuais, coisas que nem sequer existiram, mas que queriam ser ditas. Está aqui, como passe de mágica, as palavras vieram até mim, boas ou não, eu tive que escrevê-las. E não está em questão a veracidade dos fatos ou a qualidade do texto que elas formaram, mas a intensidade com que vieram diante da imensidão chamada Clarice Lispector.

Quando eu disse eu te amo, ela disse “certo”, um certo sem coragem de me reprimir. Eu tentei explicar melhor e ela disse que havia entendido, um entendimento sem questão de respostas, ela se encontrou num abismo, ela se deparou diante do nada que ela sentia.
Como ela poderia se apresentar assim diante do nada? Eu me apresentaria nua, nua fisicamente e nua de alma. No máximo, me apresentaria com uma cor nos lábios, da maldade inocente que é saber que poderia provar do pecado, porque no nada não existe certo ou errado, existe a indiferença. Mas ainda assim, eu espero que exista amor, ainda que nao exista alma, pois há de existir uma lugar, mesmo que seja o nada, em que o amor não seja tudo aquilo que a gente quase perde por um triz.
É assim que eu me sentia, completamente incapaz de fazer alguma coisa pra não perder o amor, o meu amor, o amor que ela sequer sente, porque ali o que é ou será, seria ainda que eu não queira e não deixaria de ser pra que eu pudesse ser feliz.
Então diante do nada, a gente ficou por mais de um segundo e por mais de um milênio para que eu pudesse pensar em tudo isso. E enquanto isso, os olhos dela brilhavam a luz da lua que ela admirava e os meus brilhavam olhos dela iluminados do luar em que estavam.
Quando ela voltou o olhar pra mim, eu tinha na face duas lagrimas: uma da dor de existir, outra da dor de amar. Ela ia perguntar alguma coisa, mas eu fechei os olhos e ela não ousou me atrapalhar. Ela sabia que eu ia embora, eu tinha acabado de morrer por esse amor em vida e no nada eu iria viver de morte: morte da dor de amor, de dor de qualquer outra coisa que alcançasse o coração.
Agora, a única coisa que sinto na ausência de vida é a presença dela, porque a sinto ainda que ela não esteja aqui. E ainda amo, mesmo que não haja amor, meu amor é suave e doce, porque não é real, porque é real, porque não existe, porque é mais real que a própria realidade, porque no nada, nada importa, a n ser esse amor, que não é pesado, e que não dói, que me alimenta desde que deixou de ser o amor que te queria pra mim e passou a ser apenas amor.
Ana C. Fernandes