Descobrir quem a gente é pode ser mais complicado do que expor isso aqui ou em qualquer outro lugar.
Voltar-se pra nós mesmos é uma experiência única e quem já o fez com certeza é uma pessoa melhor. Essa busca pelas nossas próprias verdades às vezes joga por água abaixo os nossos sonhos mais antigos e dos quais a gente nunca pensou se separar.
De repente, percebemos o quão pode doer seguir todos os princípios que nós dissemos que acreditávamos um dia. De repente, não somos assim tão bons como esperávamos que fôssemos.
Mas quer saber? Essa era a única maneira de nos amar de verdade! Eu não me amaria tanto se não me conhecesse a ponto de saber todas as minhas verdades e fraquezas. Não quero amar alguém que eu não conheço, e se em relação aos outros é assim, como poderia ser diferente comigo mesma? Como eu poderia achar que eu sou perfeita se entendo que não vou encontrar ninguém perfeito por aí?
Amar-se de verdade implica amar nossa parte luz e nossa parte sombra. Sim, luz e sombra porque tenho defeitos e virtudes, e não há como corrigir o que está errado em mim se eu não souber identificar o erro, e é aí que entra o papel do amor. Ninguém ilumina se não for por amor, ninguém se transforma em luz sem amor. Só com amor, com muito amor a nós mesmos, amor até aos nossos piores defeitos, é que mudaremos o rumo da nossa jornada. Não será me odiando que deixarei de ser egoísta. Não será me culpando que deixarei de ser orgulhosa. Aliás, a culpa não leva ninguém a lugar algum. A culpa só destrói, o que constrói é a vigilância. E isso foi uma amiga que disse, e ela estava certa, trocar a culpa pela vigilância foi a melhor troca que eu fiz na minha vida. Depois disso, eu parei de me destruir.
Eu tento ser uma pessoa melhor a cada dia e a cada final de dia eu percebo o tanto que ainda ajo errado, mas tenho melhorado muito desde que, ao invés de me sentir a última pessoa do mundo pelos erros cometidos, eu prometo me vigiar mais e mais para acertar da próxima vez.
Quem sou eu? Alguém em busca de toda minha sombra e conseqüentemente, toda minha luz.
Ana C. Fernandes