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"Advinha-me, esquenta-me com sua advinhação de mim" C.L.

quinta-feira, 26 de junho de 2008


Descobrir quem a gente é pode ser mais complicado do que expor isso aqui ou em qualquer outro lugar.
Voltar-se pra nós mesmos é uma experiência única e quem já o fez com certeza é uma pessoa melhor. Essa busca pelas nossas próprias verdades às vezes joga por água abaixo os nossos sonhos mais antigos e dos quais a gente nunca pensou se separar.
De repente, percebemos o quão pode doer seguir todos os princípios que nós dissemos que acreditávamos um dia. De repente, não somos assim tão bons como esperávamos que fôssemos.
Mas quer saber? Essa era a única maneira de nos amar de verdade! Eu não me amaria tanto se não me conhecesse a ponto de saber todas as minhas verdades e fraquezas. Não quero amar alguém que eu não conheço, e se em relação aos outros é assim, como poderia ser diferente comigo mesma? Como eu poderia achar que eu sou perfeita se entendo que não vou encontrar ninguém perfeito por aí?
Amar-se de verdade implica amar nossa parte luz e nossa parte sombra. Sim, luz e sombra porque tenho defeitos e virtudes, e não há como corrigir o que está errado em mim se eu não souber identificar o erro, e é aí que entra o papel do amor. Ninguém ilumina se não for por amor, ninguém se transforma em luz sem amor. Só com amor, com muito amor a nós mesmos, amor até aos nossos piores defeitos, é que mudaremos o rumo da nossa jornada. Não será me odiando que deixarei de ser egoísta. Não será me culpando que deixarei de ser orgulhosa. Aliás, a culpa não leva ninguém a lugar algum. A culpa só destrói, o que constrói é a vigilância. E isso foi uma amiga que disse, e ela estava certa, trocar a culpa pela vigilância foi a melhor troca que eu fiz na minha vida. Depois disso, eu parei de me destruir.
Eu tento ser uma pessoa melhor a cada dia e a cada final de dia eu percebo o tanto que ainda ajo errado, mas tenho melhorado muito desde que, ao invés de me sentir a última pessoa do mundo pelos erros cometidos, eu prometo me vigiar mais e mais para acertar da próxima vez.
Quem sou eu? Alguém em busca de toda minha sombra e conseqüentemente, toda minha luz.

Ana C. Fernandes

quarta-feira, 25 de junho de 2008

É gente... Tem faltado palavras pra eu dizer tudo o que eu preciso.
Enquanto isso, vou deixar vcs com um textinho da Elisa Lucinda, que sinceramente, n deixa a desejar...



No Elevador do Filho de Deus

A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
Que eu já tô ficando craque em ressurreição.
Bobeou eu tô morrendo
Na minha extrema pulsão
Na minha extrema-unção
Na minha extrema menção
de acordar viva todo dia
Há dores que sinceramente eu não resolvo
sinceramente sucumbo
Há nós que não dissolvo
e me torno moribundo de doer daquele corte
do haver sangramento e forte
que vem no mesmo malote das coisas queridas
Vem dentro dos amores
dentro das perdas de coisas antes possuídas
dentro das alegrias havidas

Há porradas que não tem saída
há um monte de "não era isso que eu queria"
Outro dia, acabei de morrer
depois de uma crise sobre o existencialismo
3º mundo, ideologia e inflação...
E quando penso que não
me vejo ressurgida no banheiro
feito punheteiro de chuveiro
Sem cor, sem fala
nem informática nem cabala
eu era uma espécie de Lázara
poeta ressuscitada
passaporte sem mala
com destino de nada!

A gente tem que morrer tantas vezes durante a vida
ensaiar mil vezes a séria despedida
a morte real do gastamento do corpo
a coisa mal resolvida
daquela morte florida
cheia de pêsames nos ombros dos parentes chorosos
cheio do sorriso culpado dos inimigos invejosos
que já to ficando especialista em renascimento

Hoje, praticamente, eu morro quando quero:
às vezes só porque não foi um bom desfecho
ou porque eu não concordo
Ou uma bela puxada no tapete
ou porque eu mesma me enrolo
Não dá outra: tiro o chinelo...
E dou uma morrida!
Não atendo telefone, campainha...
Fico aí camisolenta em estado de éter
nem zangada, nem histérica, nem puta da vida!
Tô nocauteada, tô morrida!

Morte cotidiana é boa porque além de ser uma pausa
não tem aquela ansiedade para entrar em cena
É uma espécie de venda
uma espécie de encomenda que a gente faz
pra ter depois ter um produto com maior resistência
onde a gente se recolhe (e quem não assume nega)
e fica feito a justiça: cega
Depois acorda bela
corta os cabelos
muda a maquiagem
reinventa modelos
reencontra os amigos que fazem a velha e merecida
pergunta ao teu eu: "Onde cê tava? Tava sumida, morreu?"
E a gente com aquela cara de fantasma moderno,
de expersona falida:
- Não, tava só deprimida.