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"Advinha-me, esquenta-me com sua advinhação de mim" C.L.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Sobre a plenitude do amor.

Esse texto é meu, mas não é pra minha mãe. Ontem eu estive com uma amiga e doeu muito em mim a situação em que ela se encontrava. E doeu mais ainda porque eu lembrei que minha melhor amiga também passa pela mesma situação. E finalmente, doeu demais quando eu pensei que muitas, muitas pessoas mesmo passam pela mesma situação. Então eu me coloquei no lugar delas, eu pensei em cada dia, em cada momento, e foi tão difícil pra mim que eu resolvi escrever uma carta, não pra minha mãe, porque a minha mãe e a minha família conseguem entender o significado do amor, mas muitas mães não. E é para elas que escrevo, em nome de todas as pessoas que amam e querem ser amadas, independente de quem amam.

Mãe,
Estou escrevendo porque não sou corajosa o suficiente pra te dizer tudo o que eu preciso olhando-te nos olhos. Mas eu estou escrevendo porque eu te amo incondicionalmente, vc é a pessoa mais importante que existe na minha vida e está sendo muito difícil pra mim, principalmente nos últimos tempos, conviver com uma decisão que eu gostaria de não precisar tomar. É difícil ter que escolher entre a minha felicidade e a sua felicidade.
Sei que a princípio isso não faz sentido, com certeza você quer meu bem e a minha felicidade é o motivo da sua, assim como a sua felicidade também é motivo da minha. Porém, eu não estou bem, meus dias estão difíceis e doídos.
Eu queria muito, muito mesmo, poder te contar sobre os meus sentimentos, sobre meus amigos, sobre as coisas que a gente faz junto, e principalmente, sobre as pessoas que se aproximam do meu coração.
Infelizmente mãe, eu não sou aquilo que você sonhou. E isso me dói de uma forma que vc não pode sequer imaginar. Eu queria que vc se orgulhasse de mim, eu queria que vc soubesse que é muito importante pra mim a sua participação na minha vida.
E é justamente por isso que estou escrevendo, porque não agüento mais ter que esconder de você o sentimento que é, por excelência, o mais lindo de todos; aquele que move a vida das pessoas, que fazem elas sonharem e crescerem, que faz elas se unirem e construírem uma vida juntas. Esse sentimento não tem cor, não tem raça e, principalmente, não tem forma de mudá-lo. A esse sentimento, chamam de amor.
É isso mãe, eu queria que vc pensasse sobre o amor, sobre como o amor te fez feliz, sobre como ele moveu a sua vida e queria que vc pensasse em como é difícil ir contra esse sentimento.
Eu queria que vc entendesse que por mais que eu tenha tentado, eu não consigo gostar de nenhum garoto, de nenhum rapaz, isso nunca aconteceu e provavelmente não vai acontecer, porque eu me sinto atraída por meninas e são elas que me completam, que me fazem sorrir, que me fazem feliz.
E não é isso que vc quer pra mim mãe? Vc não me quer sorrindo? A minha felicidade não é a sua felicidade?
Sabe, muitas pessoas pensam, e talvez vc tbm pense que isso é uma coisa promíscua. Mas não é verdade, a promiscuidade existe em todos os lugares e entre todos os tipos de pessoas.
Eu só quero a chance de fazer uma pessoa feliz com o seu consentimento, fazer essa pessoas feliz me faria mais feliz ainda, eu só queria poder abraçar essa pessoa tranqüila, olhá-la nos olhos e deixar que ela me completasse, porque as pessoas não foram feitas pra ficarem sozinhas, a solidão dói, e tem me doído muito.
Se eu pudesse fazer um pedido, pediria não ter que escolher entre essa felicidade e a sua felicidade mãe, eu queria que vc ficasse feliz por mim, eu queria que eu pudesse te apresentar alguém e que nós três pudéssemos sair pra conversar, pra fazer compras, pra assistir um filme, como pessoas normais, porque eu sou uma pessoa normal mãe, e as pessoas normais amam.
E acima de tudo, eu amo você, e não quero fazer nada que vc não saiba.
M. C.
Ana C. Fernandes

11 comentários:

Marina Galvão disse...

Nossa mt bom
É exatamente dessa foma q mts pessoas se sentem qndo descobrem sua sexualidade e querm compartilahar o q sentem com seus familiares Mas por tolo peconceito as pessoas deixam de escolher a felicidade de seus filhos e ficam ao lado da sociedade homofobica q é a nossa.
Gostaria q mtas mães lessem esse textos e entendecem seus filhos.

sofiadamae disse...

é... sem palavras!

Raysa Krisine disse...

Poxa vida! Belissímas palavras!
Muitas mães deveriam ler isso e tentar compreender mais a posição de seus filhos. Não é fácil para elas assim como não é fácil para as filhas ou filhos que convivem com isso. Infelimente o preconceito está impregnado na nossa hipócrita sociedade, o que geralmente dificulta muito o processo de se dizer aos pais. Existe todo o medo de ser regeitado, ou não ter o respeitado pelas suas escolhas...

Parabéns pelas belas palavras!

Lindo texto!

Beijos


xD

Carolina Oliveira disse...

Belo texto. Sei que para mães seria difícil ler essas palavras. Mas também sei que lê-las facilitaria um relacionamento com os filhos. Afinal, o texto envolve muito amor. E amor significa também aceitar um filho como ele é. Parabéns pelo texto! Beijo.

Pablo disse...

CAROL, ALÉM DE ARQUITETA É TBM POETISA, CONSEGUE TRANSFORMAR AS MAIS ÁRDUAS SITUAÇÕES EM BELAS CANÇÕES, AÇÕES E EMOÇÕES...

Ana C. Fernandes disse...

Obrigada Pablo, obrigada sofia, obrigada raysinha,, obrigada Carol, fico feliz que tenham gostado do texto. É bom quando as pessoas gostam do que a gente escrevc, mas eu escrevo porque preciso, porque as palavras precisam sair pro ar entrar, senão morro sufocada. E o que eu escrevi aqui realmente me dói muito, porque essas pessoas sao muito próximas de mim, e eu gostaria muito que os pais começassem a olhar pros filhos como seres humanos e não como projetos pré concebidos com data de construção e execução. Eu sou arquiteta sim Pablo, mas antes eu sou humana, e o que eu vejo por aí é uma completa desumanização das pessoas.

Tatinha Rodrigues disse...

Muito lindo seu texto. É uma situação bem complicada, na qual deve haver compreenção das duas partes. Deve ser muito difícil para os pais, mas creio que seja bem mais para os filhos. Só cabe aos pais aceitar e apoiar as decisões dos filhos. Afinal, não amor maior que amor de mãe!

Lídia disse...

poxa, que coxa


vou chorar

Ana C. Fernandes disse...

Lidia, se vc chorar eu vou parar de escrever...

Wellington Roriz disse...

Parabens pelas palavras Ana ^^
não soh desse texto como dos outros.. gostei do blog..nao sabia q vc tinha.. dah pra perceber mto sentimento em suas palavras =] estou comentando só agora pq quase nao tenho ficado muito tempo no pc..vou passar aki sempre q der =) Saudadiss bjuh! \o

Ana C. Fernandes disse...

Brigada Well
Saudade imensa!