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"Advinha-me, esquenta-me com sua advinhação de mim" C.L.

sábado, 31 de outubro de 2009

A última carta



A forma como duas pessoas se conhecem às vezes pré determina a forma como elas vão se separar, mas nunca mostra como isso pode doer.
Quando eu vi seu rostinho lindo pela primeira vez e o sorriso que vc me lançou, eu pensei: é minha vez de ser feliz! E cada gesto, cada palavra, tudo me mostrava como era especial essa pessoa que estava entrando na minha vida.
Fui egoísta, quis ser feliz, e por isso me entreguei pra vc que era aquela pessoa perfeita, aquela que todo mundo procura, coisa de príncipe e de princesa. Tola que sou, devia saber que conto de fadas não existe.
No fundo eu sabia, mas fechei os olhos e deixei vc me conduzir. E vc me tirou pra dançar e a gente dançou no céu, nas estrelas, a gente mergulhou no fundo do mar e andamos em cavalos marinhos.
E eu, que nunca soube o que era ser amada, me senti tão segura que poderia voar sem asas, poderia pairar sobre as flores e entre as flores beijar meu beija-flor.
Mas eu, que só aprendi a ser desprezada, deixada de lado e de canto, não me contentei com a alegria que isso me proporcionava. Como pode um ser humano tão estranhamente desprezar a felicidade?
É que não sou humana, eu não sou daqui. Talvez se teu sorriso não fosse tão lindo e seu coração tão grande e vc tão perfeita eu ficasse em paz. Mas não pude, fui sincera desde o começo, eu não sou daqui, lembro-me bem como eu disse. E vc disse que não tinha problema, e eu disse que não sendo daqui não poderia te fazer feliz e vc pediu que me calasse.
E agora que percebi que minha incapacidade de te fazer feliz já estava refletindo na ausência daquilo que te faz única, seu sorriso sincero, te deixo, e deixo a certeza de que vc precisa ficar, pois o lugar em que vivo é sombrio e a solidão é a única comida pra quem tem fome.
Nessa separação, cada um leva o que trouxe. Vc fica com seu sorriso lindo, por favor carregue a paz, o caráter, o olhar verdadeiro, a persistência, a vontade de vencer na vida. Deixa que eu leve a dor, pois foi eu que a trouxe. Quero-a toda pra mim, por favor. A única coisa que vamos dividir, se vc quiser, são as lembranças, pois são tantas e tão boas que podemos dividi-las infinitamente sem briga.
Ana C. Fernandes

Um comentário:

Anônimo disse...

é simples :
amei!

meu suspiro ficou mais pesado ao terminar de ler, e a solidão de morar em outro planeta me aflingiu...
mas...