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"Advinha-me, esquenta-me com sua advinhação de mim" C.L.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Diante do nada.

Em alguma parte de um livro da clarice, uma de suas personagens se encontrou diante do nada. Entao, não pude evitar, essa expressão trouxe à tona tudo que eu queria dizer e não conseguia, coisas passadas, coisas atuais, coisas que nem sequer existiram, mas que queriam ser ditas. Está aqui, como passe de mágica, as palavras vieram até mim, boas ou não, eu tive que escrevê-las. E não está em questão a veracidade dos fatos ou a qualidade do texto que elas formaram, mas a intensidade com que vieram diante da imensidão chamada Clarice Lispector.

Quando eu disse eu te amo, ela disse “certo”, um certo sem coragem de me reprimir. Eu tentei explicar melhor e ela disse que havia entendido, um entendimento sem questão de respostas, ela se encontrou num abismo, ela se deparou diante do nada que ela sentia.
Como ela poderia se apresentar assim diante do nada? Eu me apresentaria nua, nua fisicamente e nua de alma. No máximo, me apresentaria com uma cor nos lábios, da maldade inocente que é saber que poderia provar do pecado, porque no nada não existe certo ou errado, existe a indiferença. Mas ainda assim, eu espero que exista amor, ainda que nao exista alma, pois há de existir uma lugar, mesmo que seja o nada, em que o amor não seja tudo aquilo que a gente quase perde por um triz.
É assim que eu me sentia, completamente incapaz de fazer alguma coisa pra não perder o amor, o meu amor, o amor que ela sequer sente, porque ali o que é ou será, seria ainda que eu não queira e não deixaria de ser pra que eu pudesse ser feliz.
Então diante do nada, a gente ficou por mais de um segundo e por mais de um milênio para que eu pudesse pensar em tudo isso. E enquanto isso, os olhos dela brilhavam a luz da lua que ela admirava e os meus brilhavam olhos dela iluminados do luar em que estavam.
Quando ela voltou o olhar pra mim, eu tinha na face duas lagrimas: uma da dor de existir, outra da dor de amar. Ela ia perguntar alguma coisa, mas eu fechei os olhos e ela não ousou me atrapalhar. Ela sabia que eu ia embora, eu tinha acabado de morrer por esse amor em vida e no nada eu iria viver de morte: morte da dor de amor, de dor de qualquer outra coisa que alcançasse o coração.
Agora, a única coisa que sinto na ausência de vida é a presença dela, porque a sinto ainda que ela não esteja aqui. E ainda amo, mesmo que não haja amor, meu amor é suave e doce, porque não é real, porque é real, porque não existe, porque é mais real que a própria realidade, porque no nada, nada importa, a n ser esse amor, que não é pesado, e que não dói, que me alimenta desde que deixou de ser o amor que te queria pra mim e passou a ser apenas amor.
Ana C. Fernandes

2 comentários:

Lilian Barcelos disse...

eu diria sem medo de te reprimir
a la clarice...
mas vc tem um q unico de dizer isso, voce é tao carol
se joga tanto, eu queria ter mais coragem de me jogar assim, na vida, nas letras
talvez eu nunca escreva nada pq nao tenho coragem de ser assim tao verdadeira comigo mesma.


=)

Anônimo disse...

Nossa...genial!
Você consegue se expressar muito bem.Parabéns.Amei seu blog.